MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO - FUTURO PRESIDENTE DO BRASIL???
Revista Isto é -25/02/2010
Direita, volver
Ele é a favor da pena de morte e da prisão perpétua, promete rever o Bolsa Família, é
contra a universidade pública gratuita e quer o seu voto para ser o próximo presidente do Brasil
Alan Rodrigues
LEGALISTA
Mário Oliveira diz querer governar sob o “império da lei”
A poucas semanas do aniversário de 25 anos do fim da ditadura militar que governou o
Brasil por duas décadas, o ex-soldado e hoje advogado Mário de Oliveira Filho prepara-se
para lançar o programa de governo de sua pré-candidatura à Presidência da República pelo
Partido Trabalhista do Brasil, o PTdoB. O documento de 89 páginas é uma compilação de
propostas e conceitos ideológicos polêmicos que, antes mesmo de ser divulgado
oficialmente, tem aglutinado em torno do pré-candidato simpatizantes do golpe de 1º de abril
de 1964, militares da ativa e da reserva, policiais que tiveram participação direta nos órgãos
de repressão e empresários que admiram a história e a capacidade intelectual de Oliveira,
um filho de ferroviário que atingiu o auge de sua carreira como executivo da área
internacional da Construtora Norberto Odebrecht. Oliveira tem cativado a atenção desse
grupo heterogêneo por defender posições marcadamente conservadoras. Entre suas
principais propostas está a implantação imediata da pena de morte, da prisão perpétua, o
fim do ensino público gratuito, a extinção das cotas para negros e índios nas universidades
federais e a manutenção da jornada de trabalho de 44 horas. “Vivemos uma situação de
guerra. Essa alternativa é para acabar já com a violência que tomou conta do País”, diz
Oliveira. “Governarei sob o império da lei.”
O pré-candidato do PTdoB também é contra o principal programa de distribuição de renda
do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Bolsa Família. Para ele, é um erro
grave do governo conceder benefícios financeiros a pessoas que não trabalham. “Vou
colocar esse pessoal para trabalhar em frentes de reflorestamento que pretendo abrir no
Nordeste.” Em seu governo a reforma agrária seria extinta e o MST seria tratado como uma
quadrilha. “Não há necessidade de reforma agrária no Brasil e o MST é composto por
bandidos”, afirma ele, pausadamente, em um tom de voz sereno. As propostas de Oliveira
têm encontrado eco junto a uma parcela da população brasileira que não se vê mais
representada pela crescente polarização partidária do cenário político brasileiro. Apesar das
diferenças programáticas e, em alguns casos, ideológicas, tanto o PT quanto o PSDB têm
seus quadros formados por políticos que combateram, em maior ou menor grau, a ditadura
militar. “Existe um grande eleitorado à procura de um novo Estado”, diz a cientista política da
USP Maria Socorro Souza Braga. Para ela, tanto o governo do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso quanto o do presidente Lula deixaram os setores médios da sociedade
desprotegidos do “cobertor” que o Estado estendeu sobre os mais pobres. Os apoios a
Oliveira têm se concentrado na internet. Seja por redes de e-mail, seja por sites ou blogs,
seu nome tem sido apresentado a comunidades virtuais compostas por militares, policiais e
apoiadores de toda a sorte.
Em um e-mail público, o delegado aposentado Carlos Alberto Augusto, popularmente
conhecido na época da ditadura militar como “Carteira Preta” pede apoio à candidatura de
Oliveira. “Ele é nacionalista de verdade, temos que mudar nosso País, tirando-o das mãos
do crime organizado que está no poder”, afirma Carteira Preta, ligado diretamente ao
delegado Sérgio Paranhos Fleury quando este chefiava o Deops de São Paulo na década de
70. Dentro e fora dos quartéis, Oliveira também é bem-visto. “Suas propostas de mudanças
são bem centradas e podem acabar com os costumes negativos da política brasileira”, diz o
general de Brigada Paulo Chagas, ex-sub-chefe do Estado Maior do Exército de Brasília
entre 2004 e 2006. O site Ternuma (Terrorismo Nunca Mais), conhecido por abrigar
defensores da ditadura militar, também recomenda que seus visitantes procurem conhecer
melhor as propostas de Oliveira. Nessa campanha virtual, a candidatura de Oliveira já vai
ganhando espaço. Referência dos “porões”, o blog Alerta Total fez uma enquete entre seus
visitantes e ele ficou em segundo lugar, com 15% das intenções de voto, perdendo apenas
para o candidato tucano José Serra, que foi o escolhido de 50% dos votantes. “Vamos
crescer, ainda somos pouco conhecidos”, diz o presidente do PTdoB, Luiz Tibet. De fato, o
partido conta com uma estrutura capenga. Com pouco mais de 125 mil filiados – o PT, por
exemplo, tem mais de um milhão –, os trabalhistas têm apenas um deputado federal, 14
estaduais, oito prefeitos, 300 vereadores e nenhum senador ou governador. Pior: a legenda,
que deverá seguir sozinha na corrida eleitoral, só conta com dois minutos diários de espaço
na tevê e arrecada anualmente pouco mais de R$ 1 milhão.
Dinheiro, no entanto, não parece ser exatamente um problema para Oliveira, que não
esconde sua boa posição financeira. Ele acredita que conquistará mais de dois milhões de
seguidores e, com a ajuda deles, pretende arrecadar R$ 40 milhões. “É o valor que
precisamos para vencer as eleições”, diz ele, um assíduo frequentador de bons –e caros –
restaurantes, apreciador de um bom vinho e amante de ópera. Apesar da fleuma, seu berço
é proletário. Seu pai foi operário da Rede Ferroviária Federal – e um ex-militante do Partido
Comunista Brasileiro – e a mãe, dona de casa. Sua história de estudante é igual à de
milhares de brasileiros que venceram as adversidades. Estudou em escola pública até
chegar à universidade. Ex-funcionário concursado da Petrobras, Mário Oliveira é matogrossense
da cidade de Aquidauana. Sétimo filho de uma prole de nove, esteve na Rússia,
viveu na Suíça e, de volta ao Brasil, se lançou na política em 2006 filiando-se ao Partido
Verde, legenda que abandonou no último ano. “O PV é um partido contraditório e midiático.
Ele tem todo cuidado do mundo com o macaco-prego e não ataca a questão das favelas,
que é um problema de saúde pública.” Agora ele acha que fez a escolha certa indo para o
PTdoB e é a partir dele que quer colocar em prática seu projeto político de se tornar
presidente do Brasil.
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