SAUDEMOS A GRANDEZA DOS NOSSOS MORTOS, NA PEQUENEZ DOS NOSSOS VIVOS...

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MARECHAL MASCARENHA DE MORAES, MILITAR A SÉRIO!!!

A HONRA - A HONESTIDADE - O CARACTER - SEGUE-SE, NÃO SE DISCUTE!!!

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MARECHAL, GENERAL-DE-EXÉRCITO,PRESIDENTE DA REPÚBLICA, OPTOU PELO SOLDO DE GENERAL; SAIU DA PRESIDENCIA E FOI PARA A SUA CASA, ALUGADA!!!


segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O PERIGO DO "MARINISMO".

Por Reinaldo Azevedo

Há dias estou para tratar do assunto. Os leitores também estavam
cobrando. Mas os remelentos, as Mafaldinhas e alguns de seus professores
aloprados tomavam o meu tempo… Vamos lá.

Vocês sabem muito bem o que penso sobre o governo do PT, petistas e
congêneres. Vivo aqui fazendo as contas de todas as promessas que a
presidente Dilma Rousseff não vai cumprir: creches, UPAs, UBSs, quadras
nas escolas, casas… Mais ainda. Fui crítico do rumo que tomou o leilão e
o financiamento da usina de Belo Monte. Aqui está apenas um dos textos
que escrevi a respeito. Ao exigir um preço muito baixo para o
megawatt-hora, o governo Lula — e a área estava sob o comando da então
ministra Dilma — espantou o capital privado, e, na prática, o Tesouro
acabou assumindo encargos e riscos excessivos. Muito bem! Essa é uma
crítica procedente. E não é só minha. Considerar, no entanto, que a
usina é desnecessária ou que o Brasil não pode mais fazer hidrelétricas,
aí não dá! Aí estamos diante de uma estupidez que vai além do aceitável!
Todos vocês conhecem o vídeo — uma cópia esfarrapada e apenas mais ou
menos assumida de uma campanha surgida nos EUA em defesa do voto (já
chego lá) — em que alguns atores globais falam sobre a Usina de Belo
Monte e tentam convencer o público de que ela é uma desnecessidade.

Fosse eu outro, embarcaria na onda. Poderia pensar: “Como o governo não
vai mesmo voltar atrás, esses artistas acabam colaborando para dar uma
queimada nos petistas; não gosto deles. Tudo o que é contra o PT me
serve!” Mas eu não entro nessa, não! Quando gosto, digo “sim”; quando
não gosto, digo “não”. NEM TUDO O QUE NÃO É PT ME SERVE. Há
obscurantismos maiores e potencialmente mais perversos no Brasil. A
nossa sorte é que não são ainda tão articulados. E o “marinismo” — sim,
derivado de Marina Silva! — é um deles.

Nunca antes na história destepaiz tantas bobagens, mentiras, parvoíces,
sandices e vigarices intelectuais foram articuladas em meros cinco
minutos! É uma coisa espantosa! É claro que todos aqueles “bacanas”
estavam ali exercendo o seu ofício, por mais “engajados” que estejam.
Falavam um texto sei lá escrito por quem. A direção é de Marcos Prado,
produtor de Tropa de Elite e integrante de um tal movimento “Gota
d’Água”, que responde pelo trabalho. Um dos líderes é um ator chamado
Sérgio Marone, que também atua. Não sei quem é nem fui atrás de saber.

Maitê Proença, essa eu conheço, já tirou o sutiã, estou certo, por
melhores motivos. Eu vou fazer aqui uma continha que talvez a deixe um
tanto constrangida. Um dos atores — não sei o nome; era o irmão mais
chato da novela chata do Gilberto Braga — diz com aquele ar severo e
desafiador de Hamlet diante do usurpador do trono: “A usina de Belo
Monte vai alagar, inundar, destruir 640 quilômetros quadrados da
Floresta Amazônica”. Pois é…

Por que Maitê deveria ter ficado com o seu sutiã, ao menos nesse caso?
Prestem atenção. A Floresta Amazônica toda tem 5,5 milhões de km², 60%
dos quais no Brasil (3,3 milhões de km²). Logo, aqueles 640 representam
0,012% do total da floresta e 0,019% da parte brasileira. Vou ter de ser
didático. Digamos que Maitê pese 58 kg: 0,019% do seu peso corresponde a
0,01102 kg — seu sutiã é muitas vezes mais pesado. Não sei quantas
porque ignoro o peso da peça. Nunca o vi por esse ângulo. Aliás,
associado a uma hidrelétrica, também é a primeira vez. Digamos que
Marcos Palmeira pese 70 quilos; no seu caso, aquele 0,019% corresponde a
0,0133 kg. Uma de suas orelhas, dada a comparação, equivaleria a muitas
usinas de Belo Monte…

Ator, cineasta, malabarista… As pessoas são livres para dizer o que lhes
der na telha. Quando, no entanto, fazem um trabalho como esse porque se
sabem figuras públicas e pretendem interferir no comportamento das
pessoas, aí não podem mentir. Ou até podem. Mas têm de ouvir o
contraditório e se explicar. A usina não vai desalojar índio nenhum!
Isso é uma grande falácia, usada para mobilizar personalidades
internacionais para a causa.

Haverá, sim, populações ribeirinhas, mas não indígenas, que terão de
sair de algumas localidades. Desde que sejam reassentadas com dignidade,
a chance de que a vida delas melhore, já que vivem no abandono, é
gigantesca. Sem contar que a Constituição e as leis democráticas
consagram o direito que a sociedade tem, por meio de seus orgãos de
representação, de fazer desapropriações.

O que mais impressiona nesse vídeo cretino é que, notem!, ele não é
contra apenas Belo Monte em particular. É contra a energia hidrelétrica
como um todo!!! O fanático que redigiu o texto descobriu que ela também
é uma energia suja. E aí vem aquele que, pra mim, é o grande momento.
Ainda de sutiã, Maitê Proença faz um ar sábio, de quem estudou
profundamente o assunto, e indaga: “De onde tiraram essa idéia de que
hidrelétrica é energia limpa?” Huuummm… Ela parece saber mais do que
nós. Um dos filhos de Chico Anysio, também não vou pesquisar qual, sei
que é humorista, faz o contraponto, o bobo, o ingênuo, e diz: “Energia
elétrica é energia limpa; é muito melhor que usina nuclear e carvão”.

Bem, é mesmo! Mas não no vídeo! Então Letícia Sabatella assombra o
mundo: “Seria energia limpa se fosse no deserto, mas na floresta?”
Heeeinnn??? Quer dizer que energia hidrelétrica só seria limpa se fosse
produzida no deserto? Fico aqui a imaginar um rio Xingu ou o Amazonas
cortando o Saara. Suspeito que deserto não seria, não é mesmo? Parece
piada! Mas eles estão falando a sério! Depois engatam a defesa das
energias eólica e solar como se tais projetos fossem financeiramente
viáveis no médio prazo ao menos e pudessem mesmo gerar a energia de que
o país precisa. Uma coisa é desenvolver fontes alternativas no terreno
ainda da pesquisa e da experimentação e buscar modos de torná-las
viáveis economicamente. Outra é considerar que elas podem ser uma matriz
energética. Qual é a hipótese desses gênios? O mundo ainda não é movido
a vento por quê? “Por causa dos grandes interesses”, logo responde o
dublê de ator e pensador. Sei. E por que não haveria “grandes
interesses” nos ainda caríssimos aerogeradores???
Um terço da capacidade?

A mais desonesta de todas as críticas é a que sustenta que a usina vai
gerar apenas “um terço de sua capacidade”, conforme diz um dos
ignorantes convictos, também não sei quem. Ai, ai… Assim será porque se
decidiu fazer a usina pelo sistema fio d’água, sem reservatório,
justamente para diminuir o impacto ambiental, o que já é temerário. Belo
Monte terá capacidade para produzir até 11.233 MW, mas vai gerar, na
média, 4.571 MW médios. Por quê? No período chuvoso, funcionará com
potência máxima; na seca, cairá para 690 MW por causa justamente da
falta de reservatório.

SE HÁ ALGUMA ESCOLHA ERRADA EM BELO MONTE, E HÁ, ELA ESTÁ JUSTAMENTE EM
TER CEDIDO À PRESSÃO DOS AMBIENTALISTAS ALOPRADOS. Olhem aqui: ainda que
Belo Monte alagasse uma área 20 vezes maior (11.280 km²) — fazendo,
pois, o reservatório —, isso corresponderia a 0,34% da parte brasileira
da Floresta Amazônica. Se Letícia Sabatella pesa 57 kg, um alagamento de
Belo Monte 20 vezes maior corresponderia a 0,19 kg do seu peso. Seu
cérebro consegue ser bem mais pesado do que isso… Será que essa gente
tem noção da besteira que está falando ou acha que matemática é coisa de
reacionários que não gostam do meio ambiente?

Mesmo com Belo Monte, Jirau e Santo Antônio produzindo, mas sem os
reservatórios — para proteger os bagres da Maitê, da Sabatella e da
Marina —, o Brasil passa a correr riscos no período de secas e terá de
recorrer, sim, a sistemas de emergência, como termelétricas, por
exemplo. Vale dizer: o país já deu atenção demais aos bagres e atenção
de menos às pessoas.

A falácia do preço

Outra coisa ridícula é essa história dos R$ 30 bilhões. Sim, eu fui um
dos grandes críticos do peso excessivo que o Estado vai ter na
construção de Belo Monte. Lá está o link. No arquivo, há outros textos.
A iniciativa privada deveria estar bem mais presente. Mas daí a tentar
provocar a indignação com essa coisinha estúpida: “É o seu dinheiro! Dos
impostos!” Certo, especialistas! E a energia será gerada para quem? Para
os marcianos? Quem será o beneficiado?

Artista pode falar. Não há lei que proíba. Mas também não há lei que os
impeça de estudar, de se informar, de fazer conta, de ter senso de
ridículo. Notem o arzinho enfatuado com que se dirigem ao público, com
pose de especialistas. Murilo Benício, com a sua habitual cara de quem
acabou de acordar, diz, com laivos de ironia sonolenta, que “índio quer
educação, conforto…” E não quer??? Ary Fontoura faz blague: “Índio
precisa de antibiótico”. Por quê? Não precisa??? Ciça Guimarães, na
linha “a loura tonta”, pergunta: “Ainda tem índio no Brasil?”

Tem, sim, minha senhora! Proporcionalmente, eles são donos da maior
fatia do território brasileiro. Correspondem a 0,7% da população
brasileira (isso porque mais gente passou a ser “índia” depois das
dermarcações) e tem sob seu domínio, hoje, 13% do território do país. Eu
tenho a certeza absoluta de que todos ali, sem exceção, ignoram esses
dados. Eu tenho a certeza absoluta de que todos ali, sem exceção,
ignoram que o Brasil, se crescer de forma sustentada a 4,5%, 5% ao ano
(e, para reduzir a pobreza num ritmo mais acelerado, seria preciso mais
do que isso), corre o risco de sofrer apagões. Apagões que punirão os
pobres, não os bacanas da TV Globo (volto a esse particular no
encerramento do texto).

Plágio

O vídeo é um plágio admitido, mas não com a devida ênfase, do projeto
Five Friend - Vote, produzido por Leonardo DiCaprio e dirigido por
Steven Spielberg em outubro de 2008. Caprio, aliás, já se prontificou a
gravar um vídeo contra Belo Monte. SABE TUDO A RESPEITO! Naquele caso,
pedia-se a adesão de cinco pessoas; os nossos atores pedem de 10. Nos
EUA, vá lá, tratava-se de convencer as pessoas a comparecer às urnas —
num país onde o voto não é obrigatório. No caso de Belo Monte, a
história é um pouquinho diferente. Vejam, se quiserem, a realização da
idéia original. Volto para encerrar.

Há, como se vê, uma diferença entre o engajamento em favor do voto e uma
campanha que tem, evidentemente, um sentido político, com óbvio viés
ideológico. O “marinismo” é alma desse troço, como era daqueles outros
vídeos contra o Código Florestal — com o mesmo rigor científico,
diga-se. Nesse caso em particular, queira ou não, a Globo, que põe no ar
todos os dias esses rostos, acaba comprometida com a causa que seus
astros abraçam. É inevitável! “Ah, eles podem dar a opinião que quiserem
como cidadãos”. Huuummm. Cidadãos tentam convencer as pessoas com
argumentos, não com a força de sua popularidade. No caso, essa
popularidade foi conquistada não exatamente porque esses astros sejam
notórios por seus conhecimentos na área de energia elétrica, meio
ambiente e… matemática, não é mesmo? Faces identificadas com a emissora,
há que se lembrar o seu compromisso com a verdade.

É isso. Letícia Sabatella continua a perturbar o meu juízo:

“Hidrelétrica seria energia limpa no deserto“. Ela deve ter querido
dizer alguma coisa, cujos sentido me escapou. E isso sempre me deixa
muito perturbado…

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